Eu confesso que tenho um certo fascínio pelos clássicos e seus autores. Muitos títulos despertam minha curiosidade e surge a vontade de mergulhar no universo do autor em questão. Quero desvendar esse novo universo e entender o que faz desse determinado livro um Clássico. E o nome Jane Austen estava na minha lista mas, eu ia protelando e sempre tinha uma outra leitura na fila.
A fama de serem " livros difíceis" acaba afastando muita gente dos Clássicos, mas assim que decidimos romper essa primeira barreira, temos grandes chances de sermos surpreendidos positivamente. E foi exatamente isso que aconteceu comigo, não somente com a Jane, mas com muitos outros autores clássicos.
E comecei logo pela obra mais aclamada, Orgulho e Preconceito, publicado originalmente em 1813.
imagem retirada do Pinterest
E já no primeiro parágrafo, Jane me surpreende com sua ironia e crítica aos costume da época. Logo de cara, fui fisgada!
E ainda nas primeiras páginas, Jane surge com mais uma citação sensacional:
"A felicidade no casamento é questão de puras sorte ...As diferenças se acentuam com o tempo até se tornarem insuportáveis, e é melhor conhecer o mínimo possível dos efeitos da pessoa com quem teremos de passar a vida." pg. 29
A essa altura eu já estava absolutamente convencida de que não se tratava de um romance sem graça e começava a entender e admirar a escrita de Jane Austen. Não foi necessário nem ao menos concluir a leitura para entender a razão de tanta admiração por essa autora e por essa obra escrita há mais de 200 anos.
E lendo sobre sua biografia fiquei ainda mais impressionada com essa autora que começou a escrever aos 12 anos de idade e faleceu tão jovem. E o mais triste, nunca se casou e viveu um amor frustrado.
Como amante de História em geral e viciada em Dontown Abby, me deliciei com as descrições e os costumes da época. As trocas de cartas, os bailes, os encontros amorosos, as regras de etiqueta, as diferenças de classe social... um universo realmente fascinante.
Fiquei tão encantada pelo universo criado pela autora que não senti dificuldade com a linguagem, pelo contrário, a leitura fluiu muito bem. Os toques de humor e a sutileza na ironia deixam a leitura leve e agradável.
O que de fato, pode tornar a leitura cansativa no início, é o uso dos título de nobreza como forma de tratamento entre os personagens. Esse costume da época, deixa o leitor meio perdido no inicio, mas logo se percebe quem é quem na trama.
A mocinha é forte e decidida, capaz de questionar as regras impostas pela sociedade e enlouquecer a mãe. Inclusive os momentos mais divertidos do livro são trechos envolvendo diálogos de Lizzy com o pai e a mãe.
O senhor Darcy é o melhor partido da região, porém mostra-se sempre distante e frio. Inicialmente, Lizzy é só antipatia e irritação em relação a Darcy, mas aos poucos as coisas mudam. O romance mostra que as coisas nem sempre são o que parecem e que alguns julgamentos podem ser precipitados.
Adorei a reviravolta de Darcy, que passa de vilão a mocinho. Os personagens são muito bem construídos e tem um misto interessante de sentimentos envolvidos.
Também adorei o final, quando Jane vai além do" Felizes para sempre" e descreve um pouco mais o desenrolar do destino dos personagens.
O romance realmente é bem rico, pois não se prende apenas a relação Lizzy e Darcy, tem uma série de coisas acontecendo ao mesmo tempo envolvendo as irmãs Bennet. Tem fuga, tem escândalo, tem casamento, tem amor que enfrenta várias dificuldades até a felicidade, e muito mais.
Algumas citações desse grande Clássico:
"Só pense no passado quando as recordações lhe trouxerem prazer". pg 362
... em casos como este, a boa memória é imperdoável.
"Porém você me mostrou como eram insuficientes todas as minhas pretensões de agradar uma mulher digna de ser agradada." pg. 363
"Já está resolvido entre nós que vamos ser o casal mais feliz do mundo". pg. 367
Indico a leitura a todos que apreciam um bom romance de época .
Obrigada pela visita!